Os temidos livros escolares, podem afastar futuros leitores.
Os últimos resultados do Programa Internacional
de Avaliação de Alunos (Pisa) levou-nos a conclusão que "as escolas brasileiras ainda não sabem Ensinar a ler". O país esta abaixo da média mundial nos pilares educacionais da leitura.
Lendo alguns relatos de um Escritor e Jornalista Brasileiro que muito admiro, deparei-me com algo que me surpreendeu. Graciliano Ramos contava como tinha raiva dos livros no seu período escolar, não suportava ter que lê-los obrigado, como uma tarefa a ser cumprida. Se Graciliano, que mais tarde viria a se tornar um dos maiores escritores e jornalistas do sec XIX , já quis distancia dos livros, não é de se admirar que os jovens de hoje, cercados de “distrações” tecnológicas, sintam o mesmo em relação à esses “objetos de torturas” que os professores insistem em obrigar os alunos a leem. Não satisfeitos, ainda fazem questão de escolher o livro para o aluno e ameaçam-los com avaliações sobre a obra, impondo prazos e metas. No fim das contas, o aluno lê um resumo na internet e aprende que isso é suficiente para driblar a temida imposição e conseguir a nota que almeja.
Não sou contra a leitura pedida nas escolas, mas o fato é: Obrigação é, nas nossas mentes, igualado à algo chato e contra a nossa vontade. Raramente funciona, e na maioria das vezes, só serve para afastar, quem poderia se tornar um grande leitor. É claro que existem aqueles que têm o gosto pela leitura na alma e não veem os livros escolares como ruim. Mas é claro também, que esses são minorias.
O caminho da Obrigação, não esta dando certo. Simples assim. Acredito, e isso é apenas o que eu acredito, que estamos no caminho errado. As crianças e jovens deveriam ser estimulados, e não impostos. Não se trata de Ler o que é considerado certo ou não. Trata-se de deixar que o jovem se aproxime dos livros, que busque o que quer ler, que folheie, investigue, escolha o que quiser. Ele vai começar lendo um best-seller que virou filme, vai ler um livro que deu origem à um super jogo, vai virar fã de literatura juvenil que os conservadores desaprovam, e depois vai conhecer e se encantar pelos clássicos . Ou não. Mas vai ser escolha dele. Ele Deve sim, ser estimulado, tentado, persuadido. Mas quem decide o que vai ler, ou enquanto tempo vai ler, é ele. Deixem que criem o habito da leitura. Que tenham ao menos a liberdade de ir até uma estante e escolher o livro que desejam saborear. Que o professor incentive a leitura mostrando-a como algo que engrandece e não como uma sobrecarga.
O hábito de ler abre a mente, estimula a interpretação, a imaginação, ajuda a construir cidadãos críticos, seres verdadeiramente pensantes e conscientes . Ler não se trata de juntar silabas, palavras, saber gramatica e interpretação de texto. Ler é Emoção. E emoção não pode ser imposta, não pode ser cobrada. Ela é o que é. Senti-la é infinitamente grandioso, mas cabe a cada um escolher como alcançá-la.
Juliana Neves
6 comentarios:
Belo texto. suas ideias são muito parecidas com as minhas. E é vdd que as escolas ainda não sabem ensinar a ler no seu real sentido. se focam muito em regras, e imposições mas esquecem que estão lidando com crianças e jovens, que precisam ser estimulados e não gostam de ser obrigados a nada. Depois que a obrigação passa, acabam é querendo distancia da literatura. e concordo tbm que as pessoas se preocupam de mais se os jovens leem "modinhas" e não classicos, mas eiii!!! ao menos eles estão lendo e o gosto se refina com o tempo. hj eu gosto de alguns classicos, pq em um belo dia li a um best seller chamado crepusculo onde a protagonista lia Morro dos ventos uivantes, e shakespeare. Então eu fiquei curiosa e fui ler tbm, e olha no que deu. ja li varios titulos depois disso. antes de crepusculo eu odiava ler, pq faziam parecer que eu era obrigada a isso, e eu não encontrava prazer nos livros. depois que escolhi um livro por conta própria e vi como ler causava um alvoroço dentro de mim, percebi que o erra estava no preconceito que foi criado dentro de mim devido a tantas imposições. hj eu sei que os livros da escola são muito importantes, mas se eu reconheço isso hj, é pq um dia eu li um livro considerado bobo pelos professores e me apaixonei pela literatura.
Concordo. Não comecei a gostar de ler por causa dos livros que pediam no colégio, mas sim por causa de Harry Potter e acho que muitos devem ter vivido algo parecido como isso.
Acho mais interessante o método usado por minha professora no ensino médio que mostrou alguns livros para nós (livros escritos por brasileiros, mas nada de clássicos) e pediu para nós escolhêssemos qual preferíamos. Acho que isso incentivou muuuuito grande parte da turma.
Amei o texto, sou estudante de biblioteconomia e temos essa preocupação em desenvolver a leitura, e esse é exatamente o tema do meu TCC srsrsrrs.
Perfeito texto. Eu sou professora e concordo plenamente. Temos que seguir o que a escola manda, mas nós, que estamos proximas aos alunos, sabemos que não estamos sendo eficientes. Concordo que deveríamos deixar que ao menos os alunos escolhessem o que querem ler, não abolindo as leituras padrões, mas deixando que eles descubram como ler pode ser bom e divertido. Estimular é a palavra certa! Pois em 9 anos de profissão, ja deu para perceber que obrigar e escolher o que a criança e o jovem devem ler, só server para afastá-los de nosso objetivo, que é formar novos leitores, e conseqüentemente, formar mentes pensantes.
Parabens pelo seu texto, mostrou muita coragem e opinião.
Sueli Matos
Oii, adorei seu texto e concordo totalmente. Era um saco ler alguns dos livros da escola, que nos obrigavam... Lembro de um em especial "Alucinado som de Tuba" que contava a vida de um garoto muito pobre e meu Deus, que história triste! SÓ TINHAM COISAS TRISTES, trágicas.. Ea um livro deprimente, e eu era muito nova então passava uns valores muito estranhos! Aí eu paro pra pensar e vejo que MUITOS dos livros que lia naquela época eram assim, mas PRA QUE? Quer dizer, queriam nos dar lições de moral, mas de uma forma horível :/ Na minha sexta série tive uma professora de português que fez um trabalho incrível conosco... Ela pediu pra todo o colégio livros emprestados, catalogou o nome de todos os alunos que emprestaram uns livros e aí cada aluno pegava por semana um livro que queria ler e entregava na outra aula (ou duas semanas depois, dependendo do tamanho) um pequeno resumo do que leu e o que achou e a partir dai vinha nossa nota! Acho que foi a melhor forma que pode nos insentivar a ler! Liamos o que preferiamos e depois falavamos sobre isso... Se toda escola seguisse esse exemplo... rs
Beijos, Nanda
www.julguepelacapa.blogspot.com
fico muito feliz em ver que gostaram do texto. obrigada!
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