Olá,
Aline Veingartner tem 20 anos. Natural de São Paulo, SP.Tipicamente urbana. Estudante de Letras da USP. Amante das palavras, dos sons e das cores. Vive uma relação experimental (e um pouco crítica) com a literatura. É a autora de Menino sem nome ( resenha aqui)
Há alguns dias Aline se dispôs a responder algumas perguntinhas para os leitores do blog, pois aqui estou eu para lhes mostrar o resultado da nossa entrevista.
- olá Aline, primeiramente muito abrigada por aceitar falar aos leitores do nossa estante. Vou começar com a pergunta que não quer calar, por que um menino SEM NOME? De onde surgiu a ideia de um personagem principal com essa característica tão incomum?
R.: Bom, meu menino sem nome nasceu de um tropeção! Certa vez eu estava andando na rua quando tropecei, sem cair, e um pensamento bizarro me veio à mente: já pensou se eu caísse e alguém fotografasse? Para quem leu o livro, sabe do que eu estou falando! E só para constar, o protagonista do romance não ficou sem nome por falta de criatividade da autora (rs). Na verdade os motivos são meio obscuros. Menino sem Nome sempre foi uma convicção para mim, muito além da minha compreensão. E, para quem se encantou com o pequeno e mergulhou em suas aventuras, qual é a importância de um nome? É isso que ele tenta mostrar à Catarina. Nomes, status, aparência... São coisas com às quais a jovem se preocupava demais e das quais foi se desapegando graças ao menino sem nome. O que interessa é que ele é um menino, vivo, brincalhão, espirituoso, sedento por aprender e cheio de coisas para ensinar. Diante disso, não é preciso ter um nome. E tem também uma outra razão, essa explicada pela Vó Helena. Não vou entrar em detalhes, caso alguém esteja querendo ler!
- Catarina, a personagem central do livro vive muitos conflitos internos e o menino sem nome em alguns momentos age como se fosse a consciência dela, tendo, assim, um grande papel na sua transformação. Exite alguém com esse papel de “consciência” na sua vida?
R.: Não, não existe. Eu diria que o menino sem nome é resultado de lições que aprendi com professores, amigos e familiares, através de experiências, de conselhos, ou mesmo de leituras, de filmes, coisas assim.
- De todos os seus personagens, qual o seu favorito? Existe algum inspirado em alguém “real”?
R.: Sem contar o menino sem nome, é claro, acho que a minha favorita é a Vó Helena. Quando a criei, pensava muito em minha falecida avó. O nome também foi inspirado na mãe de um tio meu, que é uma senhora muito meiga e que cozinha bem pra caramba! Quanto aos outros personagens, não tiveram influência de ninguém em especial. Acontece muitas vezes de pessoas próximas que leram o Menino sem Nome me compararem à Catarina, não porque eu tenha a personalidade parecida com a dela, mas por algumas semelhanças concretas como, por exemplo, o fato de morarmos no Tatuapé, freqüentarmos os mesmos lugares e principalmente porque, tendo sido escrito em primeira pessoa, o romance transmite um certo ar autobiográfico – o que, definitivamente, não é.
- Você se acha parecida com algum de seus personagens?
R.: Tem um pouco de mim em cada um deles. Foi um bocado difícil escrever tantas páginas sem deixar escapar alguns fragmentos meus. Mas parecida, parecida mesmo, acho que não.
- Sobre o seu processo de escrita, quanto tempo em média leva para concluir um livro?
R.:Menino sem Nome é, por enquanto, o único livro na íntegra que escrevi. Isso foi no final de 2008 e início de 2009, logo que me formei no Ensino Médio. Levei três meses, escrevendo compulsivamente. Eu trabalhava durante o dia e, quando chegava em casa, não queria saber de outra coisa. Acho que foi o único episódio da minha vida em que, mesmo sem colocar uma plaquinha de ‘Não Perturbe’ na porta, as pessoas aqui em casa não me expulsavam do computador (rs). Eu estava obstinada porque já havia largado muitas histórias no meio do caminho, sem nunca concluí-las. Eu diria que noventa por cento do Menino sem Nome já estava pronto na minha cabeça antes de eu começar a escrevê-lo, porque enquanto trabalho (eu faço artesanato) eu tenho muitas, inúmeras ideias. E precisava colocá-las em prática, de uma vez por todas.
- O Brasil nunca foi um referencial no que diz respeito aos livros, mas parece que nos últimos anos a leitura vem ganhando espaço entre os jovens, mesmo que aos poucos. A contraposto temos a preferência evidente que os mesmos fazem da literatura internacional e o mercado editorial para os escritores brasileiros ainda enfrenta grandes dificuldades. Como jovem escritora e leitora, qual a sua visão sobre esse processo de aceitação dos livros no Brasil? E sobre a dificuldade que os livros de jovens autores nacionais ainda enfrentam no mercado?
R.:Olha, publicar um livro não é coisa de outro mundo. E é justamente por isso que temos essa saturação de obras muitas vezes esquecidas. As editoras independentes abrem portas, sim, sem dúvida: quem tem vontade de publicar um livro, uma hora ou outra acaba conseguindo. Eu recebo toda semana e-mails de editoras se oferecendo para editar livros e eu não acredito mesmo que todas elas façam uma avaliação muito minuciosa dos trabalhos que recebem. Isso acaba desvalorizando os autores inéditos, né? Bem, só que eu acho que essa porta que as editoras abrem só abre até a metade, porque depois de publicado o livro, fica por conta do autor fazer a divulgação. Particularmente, essa é a maior dificuldade que eu enfrento. Eu sou escritora (ou, pelo menos, tento), e não publicitária. Ainda acho muito esquisito sair por aí divulgando meu livro e meus textos como se fossem produtos que as pessoas devem comprar. Às vezes sou ingênua demais e fico esperando que o boca-a-boca venha a resolver meu ‘problema’, mas não é bem assim. Se eu não proclamo aos quatro ventos que acabei de publicar um novo texto no blog, dificilmente alguém os lê. O mesmo se dá com o meu livro. Não consigo ter a cara de pau de sair vendendo de porta em porta. Nós, jovens autores nacionais, ficamos apenas torcendo para que o leitor, na hora de escolher um novo livro para ler, encontre o nosso ali na estante, entre tantos outros.
- Muitos escritores se inspiram em autores consagrados, isso também acontece com você? Quais os autores que não podem faltar na estante de Aline Veingartner ?
R.:Quando escrevi Menino sem Nome, não me inspirei em nenhum autor. Mas hoje tenho muitas influências, que vão oscilando cada vez que leio um bom livro. Atualmente o que não pode faltar é José Saramago, Caio Fernando Abreu, Franz Kafka, Tchekhov, Drummond e Machado de Assis. O estilo do Saramago me fascina, me culpo por não tê-lo descoberto antes!
- Existe algum novo projeto em andamento?
R.: Se por ‘projeto’ eu devo entender ‘livro’, não, não tenho projeto em andamento. Mas eu escrevo bastante, agora nas férias da faculdade eu escrevo quase todos os dias. Tenho feito contos, cartas e prosas poéticas, como algumas que já publiquei no meu blog. Não tenho planos de escrever um novo romance tão cedo. Estou curtindo textos curtos. E também quero esperar que o Menino sem Nome se popularize um pouco mais antes de pensar em outra publicação.
- Ao longo do livro você mostra através dos personagens por diversas vezes uma preocupação social, como exatamente, Aline vê a situação brasileira a esse respeito?
R.: Bem, eu a vejo mais ou menos da forma que a mencionei no livro. Há quem não pense na miséria por não vivê-la ou pense de forma indiferente, como era o caso da Catarina no início da história, há quem ache que as disparidades sociais são responsabilidade apenas do governo. E eu não acho. Vivíamos, vivemos e continuaremos vivendo à beira do absurdo. É claro que eu gostaria de acreditar que as coisas vão melhorar, mas o que é que nós temos, afinal? Uma política cada vez mais corrupta, as necessidades básicas cada vez mais afastadas do foco das autoridades, e cidadãos que esperam, que cobram, mas que são, em alguns casos, tão corruptos e pobres de alma quanto os governantes. Como o menino sem nome, eu acho que a situação brasileira, e mesmo dos outros países que sofrem com a desigualdade, só terá chances de um futuro melhor quando cada um tiver consciência de sua própria responsabilidade e tomar alguma atitude concreta, como alfabetizar crianças de rua ou coisa parecida, sem se acomodar em seu próprio sofá após eleger governantes esperando deles a solução para tudo.
- O que teria a dizer para os aspirantes a escritores do nossa estante? E para os leitores amaram a resenha sobre menino sem nome?
R.: Aos aspirantes a escritores (dos quais, aliás, eu faço parte), eu desejo muita inspiração, muita produção e muita paciência. Apesar de saber que há uma pedra no caminho de quem escolhe a direção das artes, eu sei que sem a literatura eu jamais estaria satisfeita, nem comigo, nem com o mundo. Por isso eu aconselho que nunca, em hipótese alguma, deixem de escrever se é isso o que realmente querem. E a quem amou a resenha e ficou curioso, caso queira conhecer melhor o meu menino sem nome, é só entrar no site da Multifoco ou me enviar um e-mail (aline.veingartner@gmail.com)
11. Muito obrigada Aline, nós do nossa estante estamos muito feliz com a sua participação no nosso blog.
R.: Eu é que agradeço muitíssimo a oportunidade. A resenha ficou deliciosa, vocês não sabem o quanto fiquei emocionada quando a li!
O que vocês acharam da entrevista?
Posted in: entrevistas
7 comentarios:
Eu lia resenha e fiquei muito interessada no livro. amei a entrevista, aline parece ser muito sompatica
Adorei a entrevista.
Quero mto ler o livro dela...n conhecia.
Beijos =)
www.nicellealmeida.blogspot.com
Não conhecia esse livro... mas vou procurar ele pra comprar aki!
Valeu pela dica ;)
http://elaspalpitam.blogspot.com
Adorei a resenha do livro e me chamou bastante atenção *-*
Vou procurar por ele.
E a entrevista foi ótimaa (:
bjs
http://nowitbeggins.blogspot.com
Adorei a entrevista. Já havia visto sobre esse livro, mas vou procurar por ele.
Parabéns pela resenha.
Bjos grandes xx
http://lookinsideyourmind.blogspot.com
Olá! :)
Agradeço outra vez pela resenha do livro e desejo muito sucesso para o blog
Estou atualizando meu blog e já linkei a Nossa Estante
Ficarei de olho nas dicas ;)
Um beijo!
Aline V. nós é que agradecemos pela sua atenção e pelo belo livro hehe
beijos
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